Um cheirinho do Médio Oriente

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Mai 09

Agosto não é o melhor mês para se chegar ao Médio Oriente. No momento em que se põe o pé fora do aeroporto, já se está a desejar voltar para trás rapidamente e em força. O calor é tanto que parece uma bomba a explodir devagarinho, num instante todos os porquês em relação aos motivos que levam um homem a querer fazer-se rebentar, ficam esclarecidos­. Mais vale morrer depressa do que assim, aos bocadinhos. Olha...estranhamente, morrendo depressa também acabas em bocadinhos.

Mas eventualmente um tipo habitua-se. Os que usam óculos demoram mais tempo porque não conseguem ver nada, a humidade embacia as lentes cada vez que se põe o cú na rua tornando até a simples tarefa de chamar um taxi, impossível de realizar.

 

Nunca se deve andar de taxi no Médio Oriente. Ponto final, parágrafo, travessão. Se por uma raríssima conjugação de factores não houver outra hipótese (ter as duas pernas amputadas e o caminho de volta é a subir, impedindo-o de rebolar até ao destino), só se deverá pôr um cabelo que seja dentro da viatura, depois de garantir os seguintes pressupostos:

1-Que o condutor não é Árabe. Se for, e não tiver combinado préviamente o preço da viagem, vai ver o seu dinheiro ser-lhe sugado por um vampiro com cio.

2-Que o condutor não é Indiano. Se for, vai concerteza perder-se de propósito e as 3 horas que demorar o percurso vão ser passadas a ouvir o grande sucesso "Radjivandreleportmele" em altos berros.

3-Que o condutor não é Paquistanês. No Paquistão não existem estradas e deve ser proibido conduzir com carta de condução.

4-Que o carro não tem o controle de velocidade apontado nos 340km/h.

5-Como de certeza o condutor vai falar ao telemóvel enquanto bebe café Turco, não lhe vão sobrar mãos para usar o volante. Assim, deverá despedir-se dos seus familiares e fazer o seu testamento antes de iniciar a viagem.

 

Nunca deverá em caso algum aceitar trabalhar numa empresa Árabe, sem previamente ter planeado com detalhe a morte de um familiar próximo. Isto é muito importante. A 'verdade' não é para ser dita quando se deixa uma empresa. Apenas um falecimento inoportuno poderá quebrar um contrato de trabalho sem levantar a suspeita de que esteja a sair com intenções malévolas, levando todos os clientes consigo.

Desde o primeiro dia de trabalho todos os colegas e especialmente o patrão, deverão saber quão chegado você é á avó Jacinta, quanto lhe custou ter deixado a velhota e como a sua saúde é frágil.

A diabetes é uma óptima doença. A avó Jacinta deverá ser diabética. Os Árabes em geral arrastam o cú pela vida, passando o tempo a comer doçes com aspecto asqueroso, tornando-se invariavelmente diabéticos.

No golfo há mais hospitais para diabéticos que células cancerosas num tumor maligno. Assim, o sofrimento da avó Jacinta – e por consequência o seu – será compreendido pelos indígenas. Terá o seu bilhete de regresso e uma lágrima no canto do olho sem necessitar temer pela própria vida.

 

Todos os Árabes – especialmente o seu novo patrão – vão dizer que são seus irmãos. Isto deve-se ao facto de ao fim de séculos de casamentos intra-familiares, os pobres coitados estarem confusos sobre quem é realmente 'família'. Ou então estão só a querer ser simpáticos, mas isto só acontece se tiverem alguma coisa a ganhar, assim:

- 'Meu irmão, tenho um problema muito grave, meu irmão.

- Ai sim? Conta lá, se puder ajudar nalguma coisa...'

- Meu irmão, apareceu este trabalho para amanhã e este cliente é um irmão meu... meu irmão ajudas-me a resolver este problema?

- Er... bem... se precisas...

- Serás sempre meu irmão. Eu sei que vais ter de ficar a trabalhar a noite inteira, mas este cliente é nosso irmão.

- Achas que posso contar um dia extra nas férias para compensar?

- Inshallah.

Isto significa não. Sim também significa não. A palavra 'não' só é utilizada como resposta a uma pergunta feita na negativa.

- Esta Filipina não tem herpes, pois não?

- Não, não, não (la, la, la) meu irmão, conheço a irmã dela – é minha housemaid – são uma família muito saudável...

 

Os Árabes dividem o mundo em 4 partes. Os ocidentais, que  podem todos ser incluídos no agrupamento 'irmãos'. Os Indianos e Paquistaneses no grupo 'irmãos-inferiores-para-explorar-até-à-medula', os Asiáticos 'irmãos-para-saltar-para-cima' e finalmente os Israelitas: escumalha-que-deve-ser-morta-antes-dos-'irmãos'-ocidentais.

Como é que se pode querer liquidar alguém a quem se chama 'irmão?', perguntei-me eu. Fácil. Como há pouco que fazer, sofrimento é sinal de que se está vivo.

Os moços do subcontinente Asiático não podem ser mortos, pelo menos não rapidamente. Com as suas mãozinhas esfomeadas constroem estes países gordos de dinheiro, vestidinhos com os seus fatos-de-macaco azulinhos alinham-se ordeiramente na parte de trás de uma pick-up velha e sonham em mandar os 50 Dinars que ganham ao mes, para a família que sobrevive na aldeia branca que deixaram para lá do mar... vamos brindar.

 

Mas vamos lá trabalhar.

publicado por narizgrande às 13:43

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