Muito simplesmente a visão empresarial Portuguesa tem 40 diopetrias, astigmatismo e miopía. A missão é impossível.
A Portugal faz-lhe falta uma guerra civil. Esta ideia não é minha (obrigado Jorge Ricardo) e aqui há uns tempos achava que não era preciso tanto, mas se pensarmos bem, qualquer país decente teve já, em tempos, a sua guerra civil. Limpa a porcaria, ajuda a estabeler prioridades e quando bates em baixo, não há outro caminho a não ser para cima.
Nós não. Andamos neste rame-rame da merda, a fingir que somos evoluídos, mas com governos sem tomates que nem sobre questões de saúde pública – como o aborto – são capazes de tomar decisões. Aqui, verdadeiramente, não se tomam decisões... formam-se comissões para desenvolver "um estudo de impacte ambiental, que desprovido de qualquer ambivalência permitirá no futuro próximo chegar a uma conclusão quanto ao caminho a tomar dando assim uma perspectiva abrangente e estabelecendo um quadro organizativo em termos temporais e físicos para uma decisão consubstanciada em valores e dados científicos consensuais". Perceberam? Eu também não, mas o objectivo é esse. Enquanto estamos a pensar que devemos ser estúpidos, alguém se livrou de mais uma polémica.
Normalmente as guerras civis têm na sua base de conflito, valores díspares tão fortes e profundos que só podem ser resolvidos na base da porrada. Shiitas e Sunitas, pró e anti escravatura, fascistas e comunistas, monarcas e republicanos, e em Portugal... benfiquistas e portistas. Verdade seja dita, nós nem uma porra de um motivo para uma purga temos. Os do Porto não gostam de Lisboa, mas de vez em quando lá veem visitar o oceanário e as coisas ficam resolvidas por uns tempos. Os de Lisboa não gostam de ninguém, por isso vão para a praia e assim sempre ficam de costas para o resto do país. Os Alentejanos são uns porreiros e gostam de toda a gente, menos deles. Portanto resta apenas o futebol.
Sugiro que se armem as claques com armas de destruição massiva. A Alqaeda treinava os Super Dragões e a Mossad os Diabos Vermelhos. O nosso major aparecia do nevoeiro, tomava o poder e todo o povo Português teria electrodomésticos de borla para o resto da vida. Viva Gondogal. Depois invadia-se a Madeira e criava-se um novo hino para o Reino de Gondogal e Portudeira. Os Açores davam-se aos Americanos a troco de uma nova fábrica de caramelos vaquinha.
Tudo corria bem, quando bati com a cabeça no penico e acordei. Portugal continuava na mesma e eu também... o mesmo emprego e a mesma vida de hoje-é-dia-quinze-e-já-entrei-no-plafond-da-conta-ordenado.